O shopping estava demasiado vazio para uma tarde de sábado, talvez estivesse ocorrendo algum evento público que desconheço. Mas nas minhas andanças, vi num balcão de celulares, uma bela loira, de olhos verdes e bochechas rosadas. Fiquei sentado num canto, observando-a sem que ela percebesse. Parecia atrapalhada com o serviço, além de um nervosismo exasperado, como quem estivesse no primeiro dia de trabalho, ou, como quem quisesse sair o mais rápido possível para ir a tal lugar. Claro, o desconhecido evento, estava nervosa para sair do trabalho e ir ao evento, estava pensado na festa que estava perdendo com as amigas, ou com o namorado... Essa idéia me aborreceu, mas não perdi as esperanças, fui atrás do provável evento, lá seria mais apropriado para uma aproximação íntima. Descobri que no calçadão da cidade ocorria uma festa e fui para lá, ficava a algumas dezenas de metros do abandonado shopping. Fiquei perambulando entre “boyzinhos” até de madrugada, e nada da minha balconista apreensiva. No outro dia, ela não estava no balcão de celulares solitário, fiquei o dia todo naquele forno que era o shopping e nenhum sinal dela. Era plausível que ela trabalhasse de segunda à sábado, e como meu ofício não disponibilizava tempo nos dias de semana, iria vê-la no outro fim de semana. Chegado o tão esperado sábado, vi-a novamente no balcão, estava diferente, algo que não consegui identificar, mas era totalmente sublime, impossível de dizer o quê. Decidi falar com ela ali mesmo, no shopping, no meio do seu horário de serviço, iria com a desculpa de comprar um celular. Cheguei no balcão com calma e com aquele olhar convencional, indiferente. Pedi o melhor celular que tinha no balcão, para dar a impressão de “bom partido”, me mostrou um Nokia no qual o nome não decorei, mas parecia mais a placa de carro do que um nome. Falei que o celular era bonito, “mas não chegava aos pés da balconista que me atendia com graciosidade”, muito diferente com a inquieta da semana passada. Ela ficou corada, joguei mais algumas cantadas e me disse que estava em horário de serviço e não era apropriado no momento, então marcamos um encontro. O encontrado foi marcado na quarta-feira, as 19 horas no Mercury, o restaurante mais caro da cidade, tive que fazer 25 horas-extras para pagá-lo. Depois, de muitos beijos, chamegos e encontros, em restaurantes menos abastados, começamos o namoro. Foi difícil lhe dizer que não tinha dinheiro, mas ela não se importou, e se encantou quando disse que tive que fazer várias horas-extras para pagar o primeiro, e os outros, encontros. Nos casamos e tivemos um filho. Éramos realmente felizes, foi amor à primeira vista, como nas novelas. Certo dia, conversávamos sobre quando nos vimos pela primeira vez. Ela me disse que já me vira no shopping uma vez ou outra, e já tinha uma “queda” por mim, estranhei o fato de nunca percebê-la, mas não me importei. Então falei quando a vi pela primeira vez, no sábado anterior da primeira conversa, o que ela me disse me assustou, e muito:
— Sábado anterior à nossa primeira conversa? — pensou um pouco e arregalou o olhos — Ah! Não era eu. Nunca lhe disse pois achei que não tinha importância, mas eu tinha um irmã gêmea, e naquele dia, eu estava gripada, e ela “quebrou um galho” pra mim por uns “trocados”. Minha irmã morreu de AVC uma semana depois da ajuda.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
A bela loira
O monstro da insônia
A insônia o dominava. Foi para a cozinha beliscar algo, mas sua intenção era esfriar a cabeça. Ao fechar a geladeira, o motor começou a fazer um barulho muito estranho, aparentando mais à um gemido de dor, um gemido constante. Passado o susto, voltou ao quarto e lá sentou-se na cama. Tinha um bom livro de contos na mão, mas já havia esgotado-o antes de ir à cozinha. A insônia, um demônio que consumia-o de dentro para fora, que do nada, fez o ter uma crise de choro repentina. Chorava baixo, quase mudo, não queria acordar ninguém. Quando a crise cessava, ficava sentado na cama, pensando, com constantes sustos causados por estalos na madeira. Ali, sentado, abaixou a cabeça, fechou os olhos e dormiu, parecia até mesmo um sonho o fato de conseguir dormir.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Dos "anarkistas" e dos "contra-anarkistas"
Dos "anarkistas"
Ó, admirável mundo velho
No qual clamo por seu retorno
Para que possamos viver em paz
Para que possamos, enfim, viver
Dos "contra-anarkistas"
Ó, admirável mundo velho
No qual foi e não mais voltarás
para não morrermos de fome
para não morrermos devorados
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
"Um líquido quente começava a subir pela garganta"
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Viagem ao Paraíso
— Você também caiu no golpe, Tonito?! Você está na Venezuela, nunca mais sairá daqui! — gargalhadas estridentes ecoaram pelo bar.
Gabriel Felippi
domingo, 1 de novembro de 2009
Relato Sobre a Invasão Extraterrestre
Gabriel Felippi
"Talvez...
realmente não haja mais vida em todo o universo
talvez, todos os seus habitantes tenham se auto-destruído
e nós só estejamos demorando um pouco mais que eles..."
por Adrin
http://chuvazul.blogspot.com/2009/01/talvez.html